março 13, 2004
Que bom, é tu minha professora?
Semana passada, cheguei correndo na Unisinos, olhei o papel de inclusão em cadeiras e decorei a sala. Guardei o papel e continuei correndo, escada a baixo. Onde é mesmo? Ahh, é blablabla... E fui pensando "blablabla". Cheguei, bati, abri a porta e lá estava a Ana, que já havia me dado aula. Entrei, feliz e dei um beijo nela, e disse "que bom, é tu minha professora?" e ela "Isso aí" e eu "não sabia que tu davas Redação" - e a resposta derradeira "não menino, aqui é Teoria". Passei minha vida inteira achando que isso iria acontecer, e aconteceu. Mas ontem fui direto para a sala certa. Como alguns sabem bem... E ontem, nessa sala certa, consegui conversar com o professor - que também já me deu aula. Ele sabe onde eu estou, e o que estou fazendo, pois fiquei no intervalo "chorando" (com muita classe, óbvio) a questão de já ter e ter, futuramente, muitas faltas. Ele é compreensivo, pois diferente de outros professores, já esteve na arena. Mas o saber é ruim. A prova disso foi que no segundo período por duas vezes ele deu a deixa de resposta na minha direção. Quase gritei "eu não sei! Eu não sei! Deixa eu ir pra casa dormir!", mas talvez isso demonstrasse um certo grau de desequilibrio. Alô! ALÔ! Meu Deus! E ainda ontem, no intervalo, sentado na sala esperando que dessa forma consiga compensar por chegar atrasado (ledo engano) eu pensei, por algumas muitas vezes, que eram quase 21hs. "Será que os 5 anúncios já tiveram as provas liberadas? Já sim, não te preocupa que tá todo mundo lá" e continuei anotando coisas, enquanto o Gustavo escrevia no quadro. Eis que toca o telefone, 5 minutos para as 21h, e automaticamente eu gemi um "Ai meu Deus" praticamente inaudível porém absurdamente patético. Entre os 0.3 segundos que levei para pegar o telefone na mochila, pensei coisas das mais absurdas as mais esperançosas (quem sabe é o Rafa só checando se vim pra aula?). Mas não, era a Vivi, minha produtora gráfica - Marcelo? Vivi! - Oi fala! (com um bola se formando no esôfago) - Tô com o xxx no telefone, dizendo que não tem informação xxx nos dois anúncios rouba-verticais. É obrigatório ter isso? - Não sei, é, acho que sim, meu Deus. (começando a ver tudo nublado na minha frente) - É ou não? Te acalma! - O Adriano, cadê? - Ele liberou a prova e foi embora, mas tu deve saber disso, não ele (...) - Alô? ALÔ? Acabou a bateria. Quando eu já iria sair correndo para o primeiro orelhão o Gustavo disse "tá tudo bem? Pega meu telefone aqui". Enquanto eu discava, apavorado, ele disse "Mantém a calma que tudo sempre dá certo". E deu. Mas a bola no esôfago continua aqui. Eu sempre estrago tudo Minha mãe me acordou hoje, triste. E agora também estou. por dois motivos: um deles, é uma caixa das Americanas endereçada ao meu irmão, que eu resolvi espiar. Abri a caixa, um dos DVDs é "Clube da Luta" e outro está embalado para presente. "humm olha só ele comprou um presente. Pra quem hein?". Como eu sou *esperto* (ou um idiota bisbilhoteiro, melhor dizendo) resolvi ler na nota fiscal o nome do DVD tão bem embalado para presente, e esse DVD é para mim. "De: Beavis - Para: Butt-head". Eu deveria ter desconfiado. Ainda considero a possibilidade de bater algumas vezes com a cabeça na parede, numa tentativa idiota de me punir. O quê? Como assim? Ele tava ontem mesmo contando piada e rindo! O outro motivo da minha tristeza e que minha cocota está morrendo. Agora ele está lá, no fundo da gaiola, com as patinhas entrevadas, respirando mau, e com os olhos fechados. Só abre o olho e dá um grito fraco quando um de nós fala com ela. Já passei por isso antes, com pessoas e com animais, e só concluo uma coisa: eu quero morrer em três segundos, e que todos ao meu redor se supreendam. Em segundos, ZAPT, deixarei de existir. Assim mesmo, sem mistério algum. |
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Dito por Marcelo às 1:20:00 da tarde |
março 06, 2004